O que acontecerá com o valor econômico gerado pela Internet das Coisas nos próximos anos?
O termo Internet das Coisas foi criado em setembro de 1999 pelo engenheiro Kevin Ashton, que projetou um sistema de sensores capaz de conectar o mundo físico à Internet, enquanto trabalhava em identificação por radiofrequência, o RFID, muito utilizado para o monitoramento no campo da logística, entre outras possibilidades.
Enquanto nascia o conceito, quase uma década depois da World Wide Web, em 1990, o Brasil tornava definitivo o funcionamento do serviço comercial fornecido pela Embratel, abrindo a exploração comercial da rede para evitar o monopólio estatal da Internet no país. Às vésperas do ano 2000, apenas 2% da população tinha acesso à Internet no Brasil, contra 35,8% nos Estados Unidos.
Os populares e modernos dispositivos de IoT que utilizamos hoje, tiveram como ponto de partida um utensílio, de certa forma, menos glamouroso. Uma torradeira apresentada durante o evento anual de tecnologia INTEROP ‘89 Conference, que poderia ser ligada e desligada através da Internet, foi o primeiro dispositivo de IoT, e o destaque do evento naquele ano.
Algumas décadas depois, já é natural conversar com assistentes pessoais e interagir com outros dispositivos, de lâmpadas inteligentes a geladeiras que gerenciam alimentos e a exibem o que há programado na agenda da família.
Adesão e valor econômico
A adesão crescente das soluções de IoT exerce influência no mercado através da demanda e consumo de dispositivos que se tornam desejados, mas também através do suporte a operações de negócios. Diferentes empresas e consultorias já publicaram análises e estimativas sobre o desenvolvimento do mercado de IoT, mas o crescimento é um consenso entre elas.
O estudo Índice de Inteligência Empresarial 2019, realizado pela Zebra Technologies, mostrou que o investimento médio das empresas brasileiras em novas tecnologias, como IoT e plataformas de dados, atingiu 6,1 milhões de dólares, superando em 45% a marca estabelecida em 2018.
Em outra análise, intitulada The Internet of Things: Mapping the value beyond hype, publicado em 2015, o McKinsey Global Institute estimou um impacto econômico potencial entre US$ 3,9 e US$ 11,1 trilhões ao ano para 2025. O resultado seria equivalente a aproximadamente 11% da economia mundial no ano em questão, considerando a projeção do Banco Mundial sobre o PIB global anual de US$ 99,5 trilhões.
Para realizar a análise, o McKinsey Global Institute considerou nove campos, onde a IoT pode ser notada como força geradora de valor, mapeando a relação entre a sua utilização em economias avançadas versus em desenvolvimento e suas aplicações de maior destaque.
As áreas observadas como fontes de valor foram:
- Humana
- Residencial
- Varejo
- Escritórios
- Fábricas
- Ambientes de produção (Worksites)
- Veículos
- Cidades e ambientes entre áreas urbanas (Outside)
Em um estudo recente, publicado em novembro de 2021, The Internet of Things: Catching up to na accelerating opportunity, a McKinsey apresenta uma estimativa ajustada e mais modesta que a anterior, com um valor econômico entre US$ 2,8 e US$ 6,3 trilhões em 2025, uma projeção máxima 44% inferior à estabelecida em 2015.
Neste último estudo, a McKinsey apresenta uma estimativa de valor global até 2030, que aponta para um potencial de US$ 5,5 a US$ 12,6 trilhões, gerados pela IoT. O valor econômico se concentrava em cinco campos e casos de uso (entre 99), que representam 52% do potencial da IoT em 2020, mas esta combinação pode reduzir sua participação a 40% em 2030, conforme outros casos de uso ganhem tração.
Em 2030, aproximadamente 65% do valor gerado pela IoT deverá vir das aplicações B2B, contudo, vale a pena observar o crescimento acelerado das soluções B2C. O campo residencial foi o único a registrar crescimento no valor econômico nas projeções para 2020 e 2025, com uma expectativa entre US$ 280 e US$ 520 bilhões até 2025, segundo a McKinsey.